Promoção da Língua Portuguesa: Estudos na Formação em Ensino
As nossas vivências como docente do Ensino Superior, orientadora da prática pedagógica supervisionada e investigadora levaram-nos a tomar consciência de problemas decorrentes da imagem da língua portuguesa no mundo atual. Essa questão levanta-se com particular interesse no âmbito da Educação em Português, tendo em conta a influência que a imagem da língua materna veiculada através do seu ensino/aprendizagem pode ter sobre a forma como os cidadãos fazem uso dela na sua práxis social.
Um dos tópicos da investigação atual em Educação em Português que relacionámos com a problemática que pretendemos abordar neste artigo prende-se com a situação da LP no mundo atual.
Apesar do pessimismo que caracteriza o senso comum relativamente ao valor da LP na sociedade do séc. XXI, a investigação sobre este tema revela que a sua posição se reveste de grande relevo. Segundo Lewis, Gary e Fenning (2014), é a sexta língua mais falada do mundo, implicando 200 milhões de pessoas, informação essa que nos permite imediatamente constatar que não se está a pensar apenas nos cidadãos portugueses (cujo número se cifra um pouco acima dos 10 milhões, segundo o Censo de 2011). A sua importância mundial é reconhecida por instâncias internacionais, dentre as quais podemos destacar a União Latina (2010).
Por conseguinte, uma abordagem atual da LP requer que se tenha em conta a comunidade onde o Português surge como língua oficial e que abrange países situados na África, na Ásia e na América do Sul (desde Cabo Verde ao Brasil), com situações variadas, mas alguns dos quais (entre os quais se contam Angola e, precisamente, o Brasil) parecem estar em ascensão no mundo atual, nomeadamente em termos económicos.
Exige também que se reconheça que, a par desses países lusófonos, outros há que – apesar de não terem o Português como língua oficial – manifestam um interesse crescente pela nossa língua, traduzido (entre outros aspetos) num intercâmbio florescente entre instituições do Ensino Superior, como é o caso da China, uma das grandes potências da atualidade em termos económicos (cf. Laborinho, 2016).
Não obstante, em Portugal, é frequente adotar-se medidas de promoção de outras línguas – nomeadamente o Inglês (Galito, 2006), agora obrigatório no 1º Ciclo do Ensino Básico. É evidente que não se pretende advogar uma política de protecionismo da LP. Tal posição iria, inclusive, contrariar linhas diretrizes da Educação em Portugal, derivadas da nossa integração na União Europeia e da preocupação em promover uma educação ao longo da vida, que possa dotar os indivíduos de competências que lhes permitam enfrentar uma sociedade em constante mutação, entre as quais figuram o domínio da LM e de várias línguas estrangeiras (cf. por exemplo, Comissão Europeia, 2007).
O problema é que, para quem não tem acesso a este tipo de informação, medidas desta natureza dão a impressão de que a LP não é uma língua interessante no contexto atual. (...) Consequentemente, discutir o valor e o estatuto atual da LP e refletir sobre as relações que mantém com os do passado é um tópico essencial do seu ensino/aprendizagem, a fim de dar aos seus falantes uma noção clara do potencial económico e cultural que esta detém.
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